Corpos que se enleiam em tédio, num jogo constante de poder e pudor.
A fragilidade é exposta numa dança trôpega que denuncia vícios – pela produção de sons orgânicos e a indecisão entre o vestir e o despir.
Untitled# .1981 oferece apatia sexual a um público voyer.
Sendo a génese desta peça o trabalho Centerfolds de Cindy Sherman, a relação entre ambas deseja-se menos formalista, ou comungando de dimensão visual, procura-se antes construir nos meandros do conceito da fotografia a espinha dorsal da peça. Uma relação que acentua a cumplicidade com o que Hal Foster compreende como sujeitos femininos autovigiados, que embrenhados na dinâmica do espectáculo se interrompem, e posam revelando a acentuada vulnerabilidade de quem constata - eu não sou quem imaginava ser. Nesse sentido a proposta de alienação psicológica que se subentende na expressão das figuras femininas de Sherman é sobretudo o retrato da fenda entre o real e o imaginado. Um confronto que denuncia a não coincidência entre mundos: o que se impõe pelas indústrias da moda, e aquele que o contrapõe - o efectivo, o vivido. Nesse sentido, entende-se a fotografia de Sherman menos pelo momento solene de congelamento de um instante que resulta em imagem, mas essencialmente pela atitude performativa que lhe é subjacente. Uma atitude que se pretende estendida, para além das páginas centrais, reconectada com a experiência vivida, com o momento presente. Uma proposta que, resgatando a sua intenção, procura o desvinculamento da circunscrita imobilidade da fotografia e que se faz algo diferente, se constrói integralmente performance. Uma proposta que se quer em divergência, liberta do seu referente.
Corpos que se enleiam em tédio, num jogo constante de poder e pudor.
A fragilidade é exposta numa dança trôpega que denuncia vícios – pela produção de sons orgânicos e a indecisão entre o vestir e o despir.
Untitled# .1981 oferece apatia sexual a um público voyer.
Sendo a génese desta peça o trabalho Centerfolds de Cindy Sherman, a relação entre ambas deseja-se menos formalista, ou comungando de dimensão visual, procura-se antes construir nos meandros do conceito da fotografia a espinha dorsal da peça. Uma relação que acentua a cumplicidade com o que Hal Foster compreende como sujeitos femininos autovigiados, que embrenhados na dinâmica do espectáculo se interrompem, e posam revelando a acentuada vulnerabilidade de quem constata - eu não sou quem imaginava ser. Nesse sentido a proposta de alienação psicológica que se subentende na expressão das figuras femininas de Sherman é sobretudo o retrato da fenda entre o real e o imaginado. Um confronto que denuncia a não coincidência entre mundos: o que se impõe pelas indústrias da moda, e aquele que o contrapõe - o efectivo, o vivido. Nesse sentido, entende-se a fotografia de Sherman menos pelo momento solene de congelamento de um instante que resulta em imagem, mas essencialmente pela atitude performativa que lhe é subjacente. Uma atitude que se pretende estendida, para além das páginas centrais, reconectada com a experiência vivida, com o momento presente. Uma proposta que, resgatando a sua intenção, procura o desvinculamento da circunscrita imobilidade da fotografia e que se faz algo diferente, se constrói integralmente performance. Uma proposta que se quer em divergência, liberta do seu referente.
Conceito e Criação: Helena Oliveira
Intérpretes: Helena Oliveira e João Dias
Apoio à dramaturgia: Tânia Cortez
Coaching: Victor Hugo Pontes
Música: Álbum Minimalist – Dave Heath, John Adams, Philip Glass, Steve Reich
Desenho de luz: Helena Oliveira e João Dias
Figurinos: Helena Oliveira e João Dias
Cenografia: Helena Oliveira e João Dias
Fotografia: Hugo Rocha
Vídeo: Juliana Constantino
Apoio: Companhia Instável
Duração: 30 minutos
Estreia: Palcos Instáveis – Sala-Estúdio do Teatro do Campo Alegre, Porto, 2013